terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O Início...

Ela levantou cedo apertada para ir ao banheiro. Só com a camiseta dele e calcinha, desceu da cama com cuidado pra não acorda-lo, e saiu nas pontas dos pés, sabendo que nao podia fazer barulho nenhum. Como no dia anterior, o sentimento de sua adolescencia voltava com força, quando tinha que se esconder na casa dos namorados e vice versa. Só que agora ela passara dos 30. Ha muitos anos nao passava por uma situaçao assim.
Abriu a porta devagar, olhou pros lados pela fresta, viu que nao tinha ninguem e foi.
Ao sair do banheiro, ainda tentando fazer o minimo de barulho possivel, ela fecha porta e quando se vira em direçao ao quarto novamente, dá de cara com D. Luiza. A mãe de Flávio.
Era impossivel nao demonstrar o quão sem graça ela estava, ainda misturado ao susto de encontrar alguem pelo caminho.
- Oi! - Ela disse com um sorriso meio forçado e uma expressao de duvida, sem saber o que viria do lado de lá.
- Oi minha filha! Achei que era o Flávio. Que ele ja tinha acordado. Achei até estranho!
- É.. nao.. entao... - Mais uma vez tentando nao transparecer o constrangimento.
- Eu sou a Luiza, mae do Flávio - Ela disse ja se aproximando pra cumprimenta-la com um beijo. - Prazer!
- Ah eu imaginei. Eu sou a Priscila. O prazer é meu!
- Eu sei bem quem é você, milha filha. O Flávio, quando fala comigo, nao fala em outra coisa! Vem, vou preparar um café pra gente. Tambem levantei agora. O Flávio gosta do café bem forte. Você tambem?
Ela foi se afastando em direçao a cozinha, enquanto Priscila nao sabia muito bem se a seguia ou voltava pro quarto, naquela situaçao estranha em que estava. Não que conhecer a mae de um rolo seu fosse o fim do mundo pra ela, mas ela nao sabia como era pra ele. E isso era o que preocupava mais.
Ela deu uma olhada pra porta do quarto de Flavio fechada, e decidiu seguir Luiza até a cozinha. Sentou-se à mesa e respondeu:
- Eu nao gosto muito de café, na verdade. Desculpe.
- Ahh não? - Ela respondeu visivelmente desapontada - O que eu posso fazer pra você? Um suco de laranja?
Priscila, que tambem nao gostava muito de sucos, decidiu nao desapontar a moça mais uma vez e apenas aceitou.
Luiza começou a contar historias sobre o filho, o que entreteve Priscila por varios minutos, gerando algumas boas risadas, que inevitavelmente acordaram Flavio.
Flavio ao abrir os olhos na cama e nao ver Priscila, tomou um tempo pra entender o que estava acontecendo. Ouvia vozes ao fundo, e nao demorou muito pra entender que se tratava de Priscila e sua mae, conversando em algum lugar da casa.
Abriu a porta devagar. Estava vestindo uma samba cançao apenas, e quando ia saindo, achou melhor voltar e colocar uma camiseta. Procurou pelo chao onde estavam outras roupas jogadas e nao encontrou a que estava vestindo no dia anterior. Abriu rapido o guarda-roupas e pegou uma nova antes de sair.
Ao chegar na cozinha, parou na porta meio intrigado com o bate papo animado das duas, interropendo-as automaticamente com sua presença.
- Bom dia meu filho! Tava aqui contando pra Priscila que seu gosto por aventura nao vem de hoje. Lembra quando você subiu no telhado da casa do seu tio e queria pular na piscina? Eu quase morri do coraçao naquele dia! Se seu primo nao tivesse conseguido te pegar, você teria mesmo pulado! - E virando-se pra Priscila, ela completou - Ele tinha 8 anos, menina! Ve se pode?
Priscila riu da frase, assim como esteve fazendo todo o tempo em que elas conversavam. Mas dessa vez, com o copo na mao e bebendo o suco, olhou pra ele pra tentar prever a reaçao ou as consequencias daquele momento maluco com a mae do cara com quem ela tava saindo ha apenas algumas semanas.
- To vendo que ja se conheceram bem... Essa é a Priscila, mae. Minha namorada.
Priscila que estava bebendo o suco olhando para ele, parou de beber, ainda com o copo na boca. Sem dar muito tempo pra qualquer outra reaçao, Luiza respondeu:
- Eu sei meu filho. Que moça linda! Bem que você disse.
Priscila terminou o suco, levantou-se e foi indo para a porta onde estava Flavio.
- Tem certeza que nao quer um pao na chapa? Tem frios tambem! - Luiza perguntou.
- Nao dona Luiza, muito obrigada mesmo. Nao costumo comer de manhã! Mas o suco estava otimo.
- Ta bom. Mas se ficar com fome, pode abrir a geladeira, fica a vontade! E se nao achar nada que queira, me avisa que faço alguma coisa pra você.
- Ahhh que fofa. Obrigada! - Respondeu Priscila, pegando a mao de Luiza, num gesto de carinho.
- E ainda parece ser mesmo muito gente boa. Você tirou a sorte grande meu filho.
Priscila ainda sem saber muito o que fazer depois do que Flavio tinha dito, apenas retribuiu espontaneamente o elogio, respondendo:
- quem tirou a sorte grande fui eu. - E se aproximando de Luiza, de forma que Flavio nao conseguisse ouvir, cochichou:
- Seu filho é tudo que uma mulher pode querer. Você fez um bom trabalho. - E riu.
Luiza se sentindo orgulhosa, com um enorme sorriso abraçou Priscila, que em seguida foi saindo pela porta. 
Luiza fez sinal de positivo com as maos, assim que Priscila virou as costas, indicando o acerto para Flavio. Flavio apenas balançou a cabeça sorrindo com a situaçao inusitada, e seguiu Priscila, que tinha ido em direçao ao quarto.
Ao chegar ao quarto, Flavio viu priscila vestindo a calça que antes estava jogada no chao, desde o dia anterior.
Ele entrou e fechou a porta.
- Desculpa. Ela acorda cedo, eu tinha que ter te avisado. - Disse Flavio.
- Namorada? - Disse Priscila com uma expressao de surpresa, misturada com deboche.
Flavio ficou sem jeito e se aproximou.
- Ah... você conehceu minha mae né... Ta dormindo aqui em casa. É provisorio eu estar aqui, mas aconteceu. Achei melhor te apresentar assim.
Priscila respondeu com o mesmo sorriso de deboche ainda: Mas ninguem me perguntou se eu queria ser sua namorada...
Flavio puxou-a pelas maos, para que se levantasse da cama, onde estava sentada ja colocando as meias. Olhou em seus olhos e passando a mao pelo seu pescoço em direçao a sua nuca, respondeu: E você quer ser minha namorada?
Priscila ficou olhando uns segundo pros olhos dele, em silencio. Quando enfim respondeu:
Eu nao sei.
A expressao de surpresa no rosto dele foi instantanea. Estava esperando que ela finalizasse a frase, pra entender o que ela queria dizer.
Não é simples assim. Eu tenho que pesar as coisas, sabe. - Ela disse com sarcasmo - Nao é só porque você tem essa carinha linda. Nem porque eu adoro ouvir suas ideias e aprendo um monte de coisas novas com você. Nao é só porque eu amo quando você passeia pelo meu corpo, ou porque o seu beijo encaixa perfeitamente com o meu. - Nessa hora ela chegou mais perto e falou em seu ouvido - Nao é só porque você fala aquele monte de coisas que me deixam maluca, querendo agarrar você onde quer que a gente esteja. - Ela volta a olhar nos olhos dele nesse instante, e pega as maos dele e coloca em sua cintura, apertando-as em seu corpo - Nao é porque quando você coloca suas maos em mim, eu me sinto protegida do mundo. Porque eu fico com saudade cada minuto longe de você. 
Flavio puxou-a para bem perto, abraçando-a mais, e a essa altura, ja estava com um sorriso bobo no rosto, olhando nos olhos dela.
- Eu nao sei. Eu tenho que pesar. - Ela disse colocando as maos na nuca de Flavio, e olhando fundo em seus olhos - Nao sei se quero ser sua namorada, só porque quando você me perguntou a primeira vez se eu tinha sonhado com você, a vontade que me deu foi de responder que sim. 
Sim? Mas você disse que nao tinha sonhado - ele respodneu intrigado.
Ela deu um sorriso e continuou - eu sonhei com você a vida toda.
Ele depois de um sorriso, puxou-a pra perto de sua boca e deu um beijo como de costume, que sempre tirava o ar dela e a deixava com vontade de ser pra sempre dele.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Gratidão pelo Autoconhecimento

Na novela mexicana da minha vida, os ultimos capitulos foram intensos.
Quando achei que tava chegando ao final da serie enfim, era só mais um fim de temporada. Tudo renovado pra 2018 com outros personagens, novas historias e muita: mas muuuuuuita coisa pra viver.
Pra 2019 o contexto muda. Os sonhos mudam. O coraçao ta diferente.
A cada temporada que se vai, com desfechos nao sempre bem resolvidos, ele se pre dispoe a tentar coisas novas.
A da vez é que ele aceitou finalmente que se nao foi como ele sonhou, tudo bem em ser "como for".
Nessa temporada ele abriu mao do sonho de menina. Das fantasias e de todo o glamour das cenas montadas na minha cabeça com cada fato novo que aconteceu esse ano. Com cada pessoa e cada acontecimento.
As cenas nitidas com finais felizes, cheias de romantismo e atos inusitados deram lugar a uma vontade de viver a vida, simplesmente.
Sem premeditar, sem fantasiar, sem esperar mais do que aquele momento pode oferecer. Afinal, se esperar menos, o que vier é lucro!

Me permitir conhecer e me entregar pra alguem que talvez antes eu nao me permitisse ir tao longe. Eu nao me permitiria. Nao passaria do inicio.
Mas dessa vez eu to deixando rolar e nao é melhor e nem pior. É apenas diferente do que eu fui até hoje.
O autoconhecimento tem me permitido chegar mais longe, inclusive. E isso é mais do que eu esperei de evoluçao do meu eu pra este ano.

Tenho escrito muito, continuado a escrever coisas importantes pra mim como musicas e meu livro. E cara... tenho usado muito essa palavra e odeio parecer estar na modinha ou ser cliche, mas "gratidão" define meu momento.

.... Nossa. E esse nem é meu "textao" de final de ano! kkk
ando inspirada.