quinta-feira, 15 de março de 2018

...Enquanto isso no cinema...


Ela senta à direita dele no cinema, toda agitada. Cruza as pernas em forma de índio. Está passando propaganda na tela. Ela ta agitada, se arrumandona cadeira, com o copo e a pipoca na mao. Ele fica parado olhando pra ela, com um sorriso de leve.
Ela percebe que ele ta olhando pra ela, para, olha pra ele e sorri.
Carla: Você ta fazendo igual quando a gente se conheceu.
Junior: Talvez porque eu esteja com o mesmo sentimento de quando te conheci...
Carla sorri mais, coloca o cabelo atrás da orelha, sem graça. Abaixa a cabeça. A mao dela esta apoiada no braço do meio das cadeiras. Ele pega na mao dela.
Ela olha pra mao dos dois entrelaçadas, sorri e olha pra ele. Depois de um rápido silencio, ele vem beija-la.
Quando ele ta bem perto, ela coloca os dedos de leve entre os lábios dele e dela, sem deixar ele encostar nos lábios dela.
Carla: Junior... (silencio) (sorri) Eu adoro seu nome...
Ela vai ate perto do ouvido dele, e fala baixinho:
Carla: Depois a gente conversa sobre isso ta?
Ela dá um beijo demorado no rosto dele, se afasta um pouco, olhando em seus olhos.
Ele fica sem entender, olhando para ela. Com um misto de admiração e interrogação.
Ela faz sinal com a cabeça que o filme vai começar.
Ela muda o refrigerante pro braço da direita, levanta o braço do meio da cadeira e pega a mao dele e passa por de trás de suas costas, fazendo com que ele abrace-a.
Ela se aconchega em seu ombro para ver o filme.
Eles passam o filme todo abraçados e de mãos dadas. Eventualmente um fazendo carinho nas mãos do outro.

No final do filme se levantam. Ao sair, os dois estão andando lado a lado.

Carla: Sabe o que eu lembrei?
Ela segura no braço dele, afobada com sempre, meio se apoiando.
Carla: A ultima vez que fui no cinema, eu tava andando e olhando um cartaz que foi ficando pra trás. O casal que tava na minha frente parou e eu nao vi. Dei a maior trombada com o cara. Atropelei mesmo. Quase fomos os dois pro chão.
A namorada dele ficou com uma cara que parecia que ia me engolir de raiva. Só o que me restou, além de pedir desculpas, foi rir histericamente e continuar andando.

Ele sorri da historia, e ela continua abraçada no braço dele. Ele tira o braço e abraça ela. Eles andam abraçados até o carro.

Entram no carro.

Junior: (depois de um silencio) Vc falou que conversaríamos depois sobre aquilo.
Carla senta o máximo de frente possível pra ele, no banco do passageiro.
Ela pega as duas mãos dele e as abraça perto do peito.

Carla: Junior...   Ja disse que adoro seu nome? (sorri) Olha... eu quero que quando e se algo acontecer entre a gente... eu quero que venha daqui.  (Ela fala soltando uma das mãos dele e colocando a mao no coração dele)
Nao quero que seja por obrigação, por pressão, por impulso, sei la. Entende?

Fica um breve silencio. Ele olha pra frente do carro, soltando as mãos dele das dela.

Junior: E se eu disser que já vem daqui? (ele fala colocando a mao no coração dela)
Nao é impulso. Nao é pressão. Muito menos obrigação.
É só uma vontade surreal de estar com você o tempo todo. Eu nao consigo mais pensar em outra coisa se nao em o que você está fazendo, com quem deve estar falando, porque nao está falando comigo.
Nao é coisa de momento. É vontade de voltar naquele dia e te deixar falar. Conversar com você, resolver. E estar com você desde lá, até hoje.

Ela sorri, meio emocionada, mas se contendo pra nao fazer a louca que chora, e fica apenas olhando pra ele com esse sorriso bobo.

Ele passa as mãos pelos lábios dela, escorregando pra trás da nuca, entre os cabelos.
Ela sorri e o beija.
Ele a beija de volta.
Aquele beijo. Ah aquele beijo que ela esperou dois anos pra sentir de novo. Aquele encaixe milimétricamente perfeito, como se tivesse feito sob medida.
Sentindo os lábios macios dele. Segurando seus cabelos. E seu cheiro tao de perto, de novo.

Pracy

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